domingo, 4 de abril de 2010

Hayley no "The Times"

 "The Times" (um jornal britanico) publicou em seu site uma entrevista com a Hayley. Confira o artigo traduzido no qual ela fala sobre sua carreira, desde o início até os dias atuais, com as novas turnês e o sucesso do novo disco.
Franklin é uma pequena e dócil cidade no meio de Tennessee, suas largas e imaculadas ruas, alinhadas aos prédios que parecem de uma cidade de brinquedo, nas quais as bandeiras americanas tremulam orgulhosamente. Fica a mais ou menos 30 km da capital da música Country, Nashville, aonde bares de bluegrass iluminados com neon desenham a paisagem. Mas Franklin parece estar há um mundo de distância. Hayley Williams, vocalista do Paramore, explica o que eu deveria esperar do típico café da manhã Sulista: canjica, pão de minuto com molho ou empanados de frango. No fim das contas, nós duas optamos pelas panquecas de creme de leite.
Enquanto ela fala os detalhes sobre como um simples projeto musical para depois das aulas entre amigos se tornou uma das maiores bandas de rock do mundo, várias visitas à nossa mesa acontecem. Uma envergonhada fã se aproxima, a chama de “incrível” e pergunta se ela conhece a banda Taking Back Sunday (ela conhece). O dono do Puckett’s Grocery & Restaurant, onde estamos tomando nosso café, a agradece por ser uma cliente fiel e a parabeniza, com orgulho cívico, de estar fazendo tanto sucesso. Até o avô de Williams aparece pra dizer oi. É um lugar muito agradável.
“Eu sinto como se eu sempre tivesse sido uma boa menina”, diz Williams, 21, bebendo um chá verde. Ela já lutou contra a laringite no passado, e cafeína e laticínios não são bons para as cordas vocais. “Não que você não possa perceber isso de nós de qualquer jeito. Não é como se fossemos um bando de loucos estranhos”. É por isso que o Paramore é um fenômeno tão grande entre os adolescentes. Eles são legais o suficiente para os fãs se sentirem próximos sem se intimidarem e ainda “agressivos” o bastante (palavra de Williams) para incitar o fogo da rebeldia. E agora, eles estão lotando a Wembley Arena e são a segunda banda mais importante para o dia de rock do Reading & Leeds Festival, enquanto o seu terceiro álbum, Brand New Eyes, vendeu mais cópias na sua primeira semana de lançamento nos Estados Unidos do que o último CD da Mariah Carey (apesar que, comicamente, depois de uma batalha nas listas de vendas, as duas foram vencidas pela Barbara Streisand).
A ascensão do Paramore, e em particular a subida de Williams para o estrelato pop, parece a história de um filme de John Hughes. Ela cresceu no Mississipi, mas mudou-se para Franklin quando ainda era pequena. “Basicamente, minha mãe e meu pai se divorciaram quando eu era muito pequena, e eu tive um padrasto, e depois uma madrasta, mas quando a minha mãe e meu padrasto começaram a ter problemas, nós começamos a fugir bastante.” ela lembra. “Nós moramos em um trailer por seis meses, depois decidimos vir pra cá morar com alguns amigos.” 

A família com a qual ela e a sua mãe vieram morar tinha uma conexão com a música, com uma filha que cantava em bares country, assim como muitas pessoas em Nashville. “Então eu comecei a fazer isso. Eu odiava música country, mas eu falava tipo, Shania Twain ou qualquer coisa”.
A música se tornou uma distração da sua agitada vida em casa e de ser, como Williams diz, “não muito popular” na escola. É aí que começa toda a coisa de um filme adolescente. “Eu vim pra uma escola púbica aqui (em Franklin) chamada Freedom, o que era um nome muito irônico.” – ela sorri, “porque era o lugar mais assustador de todos. Não tinha nem janelas nem nada. Eu fiquei nessa escola seis semanas e já estava deprimida. Você já assistiu ‘Meninas Malvadas?’ – Eu faço que sim. – “A menina que é meio gótica, Janis? Lá tinha uma Janis, mas a de lá era um menino, ele tinha uma banda, e era o único que conversava comigo.”
Ela suspira. “Quanto mais eu ficava com ele, mais as pessoas me odiavam. As meninas eram umas vacas. Elas me convidavam pras festas, e eu não ia, porque eu não queria ficar perto delas. No dia seguinte, tinham vários boatos sobre mim, tipo, ‘a Hayley é gay, a Hayley é uma vadia…’ Então eu desisti.” – Os seus olhos ficam penetrantes. Ela tinha acabado de fazer 13 anos.
A mãe dela a colocou em uma escola particular religiosa, onde ela conheceu os irmãos Josh e Zac Farro. Williams entrou pra banda embrionária deles, convidou Jeremy Davis, com quem ela cantava em uma banda de covers de funk chamada The Factory, e aí nasce o Paramore. (Eles tiveram uma inconstante quinta vaga, finalmente se firmando com Taylor York, ano passado). O sucesso veio rapidamente.
Eles foram contratados pela gravadora Fueled by Ramen, a antiga casa do Fall Out Boy e do Panic! At The Disco – com 18 meses de formação, e rapidamente começaram a fazer shows para 200 à 1000 pessoas. Daí em diante as coisas vieram naturalmente. “As pessoas simplesmente começaram a se apegar”, Williams sorri. “Eu olho fotos e vídeos antigos, e penso, ‘O que eles viram em nós?’ eu parecia um menino na pré-puberdade. Nós tivemos tanta sorte”. Sorte, talvez, mas também muito trabalho e jogo de cintura – Williams sempre teve uma relação bem próxima com os fãs, postando no LiveJournal da banda desde que eles começaram.Se a mídia fala alguma coisa errada, ela pega o seu teclado pra corrigir. “Eu consigo ficar de mal humor um dia inteiro sem perceber que é porque eu tive que aturar um cara falando alguma besteira sobre mim.” ela explica, suspirando. “E você pensa, esse deve ser um cara sentado atrás de um computador que provavelmente nunca teve uma namorada na vida. Ele é um coitado, então ele acaba com você também”. Além de influenciar em como ela se apresenta, também teve o efeito de alimentar uma enorme gangue de fãs protetores. São eles e o Paramore contra o mundo.
Nós começamos a falar sobre a responsabilidade de ser tão acessíveis, e o que significa ser um bom exemplo. “É difícil quando os fãs acham que você é perfeita, porque eu nunca vou ser e eu nunca quero ser,” ela diz, hesitando sutilmente. “Então eu faço questão de explicar pras pessoas que a vida é uma porcaria às vezes. Eu quero que as pessoas saibam que eu não sou perfeita, pra que eles não fiquem tipo, ‘Bom, você disse que você era o Tiger Woods.” Mas isso também te torna um exemplo, eu digo. “Então é isso que eu quero, eu acho”.
A multidão de mini Hayleys que foram ao lotado show em Wembley dezembro passado estão claramente à par disso. Quando está se apresentando, Williams transforma seu pequeno tamanho em algo enorme e imponente. “Eu pareço uma menininha, sabe? Então quando eu subo no palco, eu sou a líder,” ela sorri radiante. “É bem agressivo, mas feminino de um jeito que um homem não conseguiria fazer.” É uma descrição que faz jus não só ao seu show, mas à sua música, que é a perfeita mistura de emoções adolescentes, raiva e triunfo. “Eu quero que as pessoas ouçam a nossa música e saibam que ainda há esperança, mesmo quando eles estão bravos e revoltados, e seu mundo está caindo,” ela explica. “Eu quero que eles tirem esse tipo de mensagem da nossa música.” Quatro milhões de cópias vendidas sugerem que eles alcançaram esse objetivo, apesar que eles quase não conseguiram passar do seu segundo álbum, Riot!, com um amargo desentendimento no início de 2008. “É esquisito falar disso.”  – Williams diz timidamente. “Entre eu e o Josh (eles namoraram durante os primeiros anos da banda, mas terminaram perto dessa época), e todos vivendo na estrada juntos por tanto tempo, todas essas coisas eram marcas contra nós. Então a gente achou que ir pra casa e dar um tempo ia ser bom. Ajudou, mas não consertou, sabe? Foi preciso fazer esse álbum (Brand New Eyes), e ainda leva muito esforço.” Soa como um casamento. “É, é emocional. A gente quase pensou que seria melhor…” – ela quase não consegue falar a palavra – “… enfim, mas eu fico feliz que não foi melhor fazer aquilo, porque eu iria odiar a minha vida atualmente.”
Se a história do Paramore fosse um filme adolescente, aqui é onde a história terminaria: um flashback com os inimigos da cidade-natal ainda presos na sua vida de Meninas Malvadas, um triunfante bis e um último golpe de música enquanto a banda agradece, e então um enorme abraço em grupo. Mas isso é Franklin, um lugar maravilhoso, e não há nada mais além de muito trabalho pela frente. “Queremos ir na Ellen, porque somos muito fãs. Queremos fazer umas turnês muito legais, grandes festivais, e espero que a gente consiga ter cinco singles nesse álbum, porque tem muitas músicas que a gente quer que as pessoas ouçam”. Você não vai tirar uma folga, então? “Eu amo fazer isso”, Williams insiste. “Se você não trabalhar duro e amar o que você faz, você se afoga em todas as coisas ruins que podem vir”. Aquele olhar penetrante aparece de novo.
“Você tem que trabalhar duro”.

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