quinta-feira, 17 de junho de 2010

Artigo na Spin Magazine

Hoje saiu um trecho da matéria de capa da Spin Magazine com o Paramore. O autor do artigo acompanhou a banda durante alguns dias da última turnê, e contou um pouco do dia-a-dia da banda. Confira a tradução:


"Paramore: Party in the U.S.A.
Cheios de achocolatado da melhor qualidade num ônibus que cheira a pipoca e Twizzlers, Paramore atravessa o país com a missão de trazer angústia alegre para as massas. SPIN acompanha a viagem, e se pergunta para onde vão daqui.
Quinta-feira, 29 de abril, 23:30h
Em algum lugar do New Jersey Turnpike
Hayley Williams está no ônibus, tirando seus cílios postiços. Foi um dia longo para a vocalista do Paramore: de pé às oito para ir a Manhattan para a passagem de som do Late Night With Jimmy Fallon, seguida de uma entrevista, almoço numa lanchonete na Times Square, onde ela gastou parte do seu tempo posando para fotos com fãs, a gravação no Fallon, volta para Jersey numa hora de pico do trânsito, um lanche rápido perto do Secaucus Hyatt, e finalmente de volta ao ônibus para a próxima parada da turnê da banda, o Trump Taj Mahal em Atlatic City – uma viagem de duas horas que, graças a um novo motorista e um GPS defeituoso, se transformou em três. Se houvesse tempo para relaxar e ter um boa garrafa de…
“Você quer achocolatado?”
Esse é o guitarrista Josh Farro, parado do lado da geladeira. “Esse é o melhor achocolatado de todos.”, ele disse, segurando uma caneca. “Eles fazem isso numa fazenda perto de Knoxville. Nosso amigo nos mandou, tipo, 20 dessas. Você tem que experimentar.”.
Para os auto-proclamados “cinco melhores amigos de Nashville” do Paramore – Farro, seu irmão baterista Zac, baixista Jeremy Davis, guitarrista Taylor York, e Williams – isso é o que significa estar na estrada. Eles ficam acordados até tarde. Assistem a Spaceballs e jogam Yahtzee. Cantam músicas do Hanson, e nem ao menos “MMMBop”. Seu ônibus cheira a pipoca e Twizzlers, e seu maior entretenimento é um livro com perguntas hipotéticas em que eles fazem rodadas gritando as respostas. (Se você tivesse que ser a roupa íntima de alguém famoso, que seria? “Jake Gyllenhaal!” respondeu rapidamente Williams).
Mas dentro dessa festa do pijama móvel mora um próspero império do rock’n'roll. O terceiro álbum da banda, brand new eyes de 2009, vendeu mais de 500.000 cópias no mundo. O antecessor, RIOT!, vendou dois milhões. Entre eles veio a música da trilha sonora de Crepúsculo, “Decode”, que bateu mais de um milhão de downloads e consolidou Williams, um dinamite de 21 anos com a voz de um caminhão de bombeiros e cabelo que combina, como a líder americana da angústia dos adolescentes punks.

(Falando nisso: Team Edward ou Team Jacob? “Ai Deus”, ela se envergonha. “Na verdade não gosto de nenhum. Queria que ela namorasse o cara da mesa de almoço na escola. O outros dois precisam melhorar muito”. Nota: Hayley Williams não faz drama).
Finalmente, depois de um longo desvio através das rodovias de Orange County, o ônibus chega ao hotel. Williams – de agasalho e jeans apertados, tudo preto – vai direto para o elevador. Ela está acabada, e tudo que quer é subir, tomar seu primeiro banho real na semana, e apagar. Mas então aparecem esses caras. “Yo, é melhor você tirar esse jeans skinny”.
Com 1,52m de altura, Williams brinca que tem o corpo de um garoto de 12 anos, e aparentemente esses dois caras no lobby tem a mesma impressão. “Na real, cara”, diz o segundo. “Nós não usamos essa merda por aqui”.
Ela pára, não tão brava quanto irritada. “Caras,” ela diz, tirando seu agasalho. “Sou a droga de uma garota”.
Sexta-feira, 30 de abril, 12:53h
Atlantic City, NJ
“Olha essas gaivotas com suas barriguinhas gordas!”
Na outra manhã, Williams estava passeando em Atlantic City, devorando uma salsicha no palito de U$3,00. Ela tem um traço de sotaque e um belo, torto sorriso que revela o espaço entre os dentes da frente. (Um de seus apelidos é SpongeBob – Bob Esponja). Em artigos, Williams é várias vezes descrita como “cabelo de fogo” mas de perto é bem mais intenso: uma erupção de vermelho vulcânico que poderia fechar o espaço aéreo europeu. (É parte do uniforme: quando está de folga, geralmente fica loira).
Ela está usando leggings e um agasalho preto do New Found Glory – seu namorado, Chad Gilbert, é o guitarrista da banda – e em volta de seu pescoço estão dois pingentes: um diamante dado por Gilbert, e as letras TLC. Em seus pés está um par de Vans customizado, decorado com personagens de Pet Sematary – gato zumbi no esquerdo, criança demônio no direito. Os sapatos são 34, apesar de que como um jogador de basquete da sexta série, Williams insistiu em comprar tamanho 36. “Eu não sei porquê,” ela disse. “Eu acho que pensei que cresceria usando-os”. A garota sonha grande.
Williams nasceu em 1988, em Meridian, Mississippi, filha de uma professora e um especialista em sons automotivos que se divorciaram quando ela tinha sete anos. Sua dura educação cristã desaprovava músicas não cristãs, mas ela conseguiu absorver bastante N’Sync e Blink-182 para mantê-la no meio.
Mas depois que ela e sua mãe se mudaram para Nashville, uma briga com algumas garotas malvadas do calibre de Lohan a fez sair da escola pública. Ela começou a ir a seminários semanais na igreja, onde seus colegas de estudos eram dois músicos irmãos chamados Farro.
Desde então, Williams tem vivido o tipo de vida que não ensinam em casa: ela compra roupas de Marc Jacobs e recebe conselhos de Gwen Stefani. Hollywood a está enviando roteiros. Ela está no sucesso de verão de B.o.B, “Airplanes”. É amiga de Miley Cyrus e McLovin, e quando estão em casa, ela passa o tempo com Taylor Swift. Em setembro elas assistiram Garota Infernal e conversaram sobre como Megan Fox estava gostosa.
Ano passado Williams comprou uma casa no subúrbio de Nashville em Franklin. É uma graça, dos anos 30 com jardim e uma churrasqueira e vizinhos mais velhos legais. Williams odeia lá. “Eu amo meus amigos”, ela diz. “Mas não gosto de ficar em casa mais de uma semana. Vou à sorveteria, ando de bicicleta, como sushi. O que devo fazer?”.
Enquanto estamos conversando, um homem se aproxima. Ele está nos seus 40 anos, óculos, careca. “Caramba”, ele diz. “Não acredito que estou te conhecendo!”. Ele pede uma foto, conta sobre alguns vídeos da banda que ele postou no YouTube, e depois de um minuto de constrangimento amigável, segue seu caminho.
“Eu acho que o demônio mudou!”. Ela ri disso, mas claramente está um pouco desconfortável. “Eu não quero ser tipo, ‘Esse cara não gosta da nossa música, ele é apenas um estranho’. Eu tento não julgar. Por um lado é ótimo – assim, wow, sexy não precisa ser uma loira bronzeada mostrando seus atributos. De novo, o quão longe as pessoas estão levando isso? Eu sei que têm fotos online de pessoas que fizeram besteira que provavelmente me fariam chorar.”.
Depois do divórcio, Cristi Williams se casou com um cara que Hayley descreve como um “super nazista do sul”. A mudança para Nashville foi para escapar dele – por um tempo, elas se esconderam. Agora sua mãe mora em Los Angeles, onde ela é uma treinadora para jovens artistas em ascensão da Disney. “Vê-la se reinventar e se tornar uma mulher independente de novo”, diz Williams, ” isso me ajudou bastante”.
Uma das frases preferidas de Williams é de uma música da banda mewithoutYou: “Um peixe nada no oceano, enquanto o oceano está, de certa maneira, segurando o peixe”.
“Para mim, apenas significa que os meios não me controlam”, ela diz. “Estar na estrada, tocar toda noite, você pode se perder. É um lembrete de que sou eu quem faço as coisas negativas ou positivas. Não é onde estamos nadando. Minha identidade é criada por mim”.


Créditos: Paramore Brasil

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